quinta-feira, 19 de abril de 2012

“Já contestamos o porquê de estarmos juntos”, diz Victor sobre Leo!

Em entrevista ao Terra, a dupla, que gravou recentemente o DVD ao vivo em Florianópolis, falou sobre o novo trabalho!


Victor & LEo vivem um ótimo momento na carreira. Depois de lançarem o CD Amor de Alma, em 2011, a dupla gravou no mês passado o DVD Ao Vivo em Floripa, além de vencerem, pela terceira vez, os Melhores do Ano, do Domingão do Faustão, na categoria Melhor Grupo, Banda ou Dupla.

Em entrevista ao Terra, os irmãos falaram deste novo trabalho, de suas influências e da relação entre eles. Perguntado se um se imagina longe do outro, Victor admitiu que a dupla já se questionou sobre uma possível separação: “já tivemos crises de contestar o porquê de estarmos juntos. Foram várias conversas no decorrer da carreira… Eu me sinto agradecido. Eu tenho o sentimento de gratidão por ele existir quando estou no palco…”.

Terra – Vocês gravaram recentemente o DVD Ao Vivo em Floripa. Por que escolherem aquela cidade?
Victor - Nós já tínhamos essa vontade fazia tempo, não só se tratando de Floripa, porque dispensa comentários, mas também pelo estado e pela região. Sempre nos demos muito bem com o Sul e mantemos um carinho especial pela cultura sulista. Decidimos que arranjaríamos alguma forma para gravarmos e registrarmos um show ao vivo em formato de DVD.

Terra – Vocês lançaram em 2011 o álbum Amor de Alma que traz influências de suas origens. Falem sobre este trabalho e suas inspirações para compô-lo?
Leo – Em quase todos os discos, nós fizemos alguma regravação, com exceção do álbum Borboletas que foi 100% autoral. Desde Ao Vivo em Uberlândia, em todos os outros trabalhos, a gente teve alguma regravação. Por termos cantado muito em bares, durante 15 anos, a gente tem muitas músicas que marcaram nossas vidas, nossas carreiras, que fizeram parte da nossa história e que a gente tem uma relação de amor com a canção. Todas as músicas que nós regravamos tem essa história, inclusive Sexy Yemanjá, que a gente cantou em bar durante muito tempo, em 92 e 93, porque foi o tema de uma novela (Mulheres de Areia) quando a gente estava começando a cantar. Um dia, no estúdio, o Victor tava dedilhando ela no violão, enquanto fazíamos os arranjos e produzíamos um CD e tivemos a ideia: por que não regravar? A geração mais nova não conhece, Pepeu Gomes e Tavinho são grandes compositores, a gente adora a música, vamos fazer. Só que nós sempre fazíamos uma releitura. A gente gosta de colocar nossa digital, de diferenciar, fazer o trabalho com originalidade, independente de ser nosso ou de outras pessoas. Isso aconteceu também com Fuscão Preto, que lembra muito nossa infância, e O Doutor e a Empregada, um clássico que ficou conhecido com o Trio Parada Dura. E aí foi quando o Victor teve a ideia de fazer, no pout pourri, um medley com a junção dessas duas músicas.
Victor - Das 12 faixas, três são regravações: Sexy Yemanjá, esse medley que o Leo citou e o terceiro foi um medley de duas guaranias: Passe Livre, que Teodoro e Sampaio gravaram e a gente ouvia isso muito, e Se Eu Não Puder Te Esquecer, do Moacir Franco, que também se tornou famosa na voz de João Mineiro e Marciano. As regravações – assim como as composições – não partem de um princípio mercadológico, partem de um princípio de emoção, história e identificação com a música. Todas elas representam fases e gravamos mesmo que elas já tenham sido gravadas muitas vezes, como a Telefone Mudo, do disco Ao Vivo em Uberlândia, porque elas ficam do nosso jeito.

Terra – Neste novo trabalho as músicas são mais dançantes, diferentemente dos outros álbuns da dupla que contém canções mais românticas. Por que esta mudança?
Victor - Eu tenho a sensação que ele ficou mais pra cima, sim. Mas isso foi muito natural, não foi pensado. A gente vai pro estúdio e sai impresso aquilo que estamos vivendo agora. No CD anterior, por exemplo, Boa Sorte pra Você foi um disco mais bucólico, mais lento, pra ouvir numa viagem, era o momento que a gente tava vivendo. E o mercado não pedia isso. Aí tiramos férias, paramos pra descansar e aí ficou um CD com mais gás, mais vontade e automaticamente mais pra cima. Quando você produz e arranja seu próprio trabalho, vai sair a verdade que está dentro de você.

Terra – O gênero sertanejo se banalizou com o surgimento de novas duplas que se classificam como “sertanejo universitário”? Vocês acreditam que o verdadeiro significado do gênero não está mais sendo explorado?
Leo – Seria natural que o estilo mudasse com o tempo, assim como outro qualquer. O pop, MPB, axé, samba, rock, forró e todos os outros são feitos hoje de forma diferente do que se fazia há anos atrás, acompanhando as tendências naturais da música brasileira. A música hoje é feita de forma mais universal, e isso é muito positivo. Esse é o grande passo que deve ser reconhecido e comemorado, porque ele derruba algo que não merece espaço em lugar nenhum, principalmente na arte: o preconceito!
Victor - Todo mundo fica levantando uma polêmica de que o que se faz hoje não é mais sertanejo, que perdeu a essência, eu vejo isso com muita naturalidade. Qual música é igual a que se fazia anos atrás? É natural que os estilos evoluam, que as músicas mudem com o tempo, que mudem as tendências, os arranjos…A evolução musical, seja em que estilo for, é sempre um ganho para a cultura de um país. Sempre haverá o surgimento de novos artistas. O fundamental é que entre os novos, haja ousadia e criatividade mais e mais, e não a imitação gananciosa. Vejo a renovação como algo fundamental para a evolução.

Terra – Além do sertanejo, o que Victor & Leo escutam?
Leo – Escutamos de tudo, somos bem ecléticos. A música sertaneja de raiz está sempre presente. Música regional, pop, música popular no geral. Curtimos muita coisa internacional também.

Terra – Musicalmente, os irmãos se imaginam um longe do outro?
Victor - Já tivemos crises de contestar o porquê de estarmos juntos. Foram várias conversas no decorrer da carreira. Não podemos elevar a condição de irmão a uma obrigação profissional. A gente só canta junto porque quer. Depois que a gente incorporou esse pensamento, ficou mais confortável. Eu me sinto agradecido. Eu tenho o sentimento de gratidão por ele existir quando estou no palco. Vamos supor que aconteça um acidente e um dos dois morram. Não sei se vou continuar a cantar. Talvez pare mesmo.

Fonte: Terra
Foto: Milene Cardoso e Amauri Nehn/AgNews

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